domingo, 29 de abril de 2012

Corvos conseguem se lembrar dos velhos amigos, e dos inimigos também


Estudo comprovou boa memória do pássaro, que é considerado um dos animais mais inteligentes depois dos primatas


    Estes corvos têm a capacidade de reconhecer os velhos amigos, relata um novo estudo. Além disso, assim como os seres humanos, eles reagem negativamente quando encontram um inimigo.
   Os pássaros vivem em grupos e sem uma parceira até os dez primeiros anos de vida, por isso a capacidade de reconhecer os amigos e os inimigos é muito importante. Liderados por Marcus Bockle, zoólogo da Universidade de Viena, os pesquisadores descreveram no periódico Current Biology um grupo de 12 corvos jovens que foram mantidos juntos por 3 anos, até atingirem a maturidade sexual e acasalarem.

Uma pesquisa mostrou que mesmo após três anos separados, 
corvos conseguiam reconhecer quem era do seu grupo e quem não era 


    Durante esse tempo, os pesquisadores observaram e registraram as interações entre os pássaros. Alguns eram amigáveis uns com os outros enquanto que outros não.
  "Quando o individuo é amigável, ele emprega um som amigável", afirmou Bockle. "Quando não gostam do pássaro, eles tentam prolongar o sinal vocal e o som emitido parece mais grave."
   Em seguida, os pássaros foram colocados em pares em locais diferentes, na Áustria e na Alemanha. Três anos depois, Bockle gravou os sons dos pássaros agora separados e fez com que ouvissem os sons uns dos outros. "Após três anos separados, os sons gravados foram o estímulo, e quando eles ouviam um amigo, emitiam sons amigáveis", afirmou.
  Curiosamente, as gravações foram feitas apenas seis meses antes de os pássaros as escutarem. Nos anos afastados, os sons emitidos pelos pássaros podem ter se modificado um pouco, afirmou Bockle. "Por isso, eles precisam reconhecer o indivíduo e não um som específico", afirmou.


sábado, 28 de abril de 2012

Cérebro de pombos tem 'GPS' embutido, revela estudo

Aves captam o campo magnético da Terra para orientação e navegação.Descoberta sugere existência de um 'sentido magnético' nos animais.

  Os pombos têm neurônios capazes de ler o campo magnético da Terra e traduzir estas informações para identificar a posição que eles ocupam no planeta e em que direção estão indo. Em outras palavras, estas aves são equipadas com um GPS natural.
  A existência de sensores capazes de perceber o campo magnético da Terra no bico, nos olhos e nos ouvidos dos pombos já era conhecida. A novidade apresentada pela pesquisa publicada na edição desta sexta-feira (27) da revista “Science” é a resposta de neurônios posicionados no tronco do encéfalo.

Com 'GPS na cabeça', pombos foram usados por muito tempo na transmissão de mensagens. Este pombo-correio foi fotografado em fevereiro no arquipélago de São Pedro e São Paulo (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)


   A descoberta feita com pombos também pode valer para outras aves, já que, segundo os autores, “muitos animais confiam no campo magnético da Terra para a orientação espacial e a navegação”. O artigo é assinado por Le-Qing Wu e David Dickman, neurocientistas da Faculdade de Medicina Baylor, de Houston, nos Estados Unidos. 
  A descoberta feita com pombos também pode valer para outras aves, já que, segundo os autores, “muitos animais confiam no campo magnético da Terra para a orientação espacial e a navegação”. O artigo é assinado por Le-Qing Wu e David Dickman, neurocientistas da Faculdade de Medicina Baylor, de Houston, nos Estados Unidos. 




quarta-feira, 25 de abril de 2012

09 Cromossomos Sexuais

Cientistas criam ovelha transgênica com gordura boa para coração


Animal recebeu gene de verme que aumenta a produção de ácidos graxos insaturados


Peng Peng tem o gene de gordura de um verme

    Cientistas chineses clonaram uma ovelha geneticamente modificada contendo um tipo de "gordura "boa" encontrada naturalmente em nozes, sementes, peixes e verduras, que ajuda a reduzir o risco de ataques cardíacos e doenças cardiovasculares.
""Peng Peng", que possui o gene de gordura de um verme, pesava 5,74 kg quando nasceu em 26 de março em um laboratório na região de Xinjiang, no extremo oeste da China.
""Ela está crescendo muito bem e é muito saudável, como uma ovelha normal", disse o cientista Du Yutao, do Instituto de Genômica de Pequim (BGI), em Shenzhen, no sul da China.
   Du e seus colegas inseriram o gene ligado à produção de ácidos graxos polinsaturados em uma célula de doador retirada da orelha de um carneiro Merino chinês.
   A célula foi então inserida em um óvulo não fertilizado e implantado no útero de uma ovelha receptora.
"O gene era originalmente da espécie C. elegans (verme) que aumenta os ácidos graxos insaturados como já foi demonstrado (em estudos anteriores), o que é muito bom para a saúde humana", disse Du.
  A China, cuja população representa 22% do total do planeta, tem apenas 7% da terra arável do mundo, por isso dedicou muitos recursos nos últimos anos para aumentar a produção nacional de grãos, carne e outros produtos alimentícios.
   Mas há preocupações sobre a segurança de alimentos geneticamente modificados e ainda vai levar anos até que a carne de tais animais transgênicos encontre seu espaço em mercados de alimentos chineses.
 "O governo chinês encoraja projetos de transgênicos, mas precisamos ter métodos e resultados melhores para provar que plantas e animais transgênicos são inofensivos e seguros para o consumo. Isso é crucial", disse Du.
  Além do BGI, outros colaboradores do projeto foram o Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento da Academia Chinesa de Ciências, e a Universidade Shihezi, em Xinjiang.
   Os Estados Unidos são líderes mundiais na produção de grãos geneticamente modificados. O FDA, órgão dos Estados Unidos para alimentação e medicamentos, já aprovou a venda de alimentos provenientes de clones e seus descendentes, afirmando que os produtos eram indistinguíveis dos de animais não-clonados.
  O salmão do Atlântico geneticamente modificado patenteado pela empresa de biotecnologia norte-americana AquaBounty, que supostamente cresce a uma velocidade duas vezes acima do normal, poderá ser aprovado pelas autoridades reguladoras norte-americanas nos próximos meses.

'Perfume' emitido por plantas atrai microorganismos à raiz, diz estudo

Sinais químicos aproximariam bactérias que promovem crescimento.Técnica pode auxiliar na redução da dependência de fertilizantes.

   Estudo conduzido por cientistas britânicos afirma que as plantas emitem cheiros para atrair bactérias e micro-organismos que vivem no solo e ajudam no desenvolvimento.
  De acordo com a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (24) na revista científica “PLoS ONE”, sinais químicos foram detectados em plantações de milho e seriam uma espécie de perfume liberado para atrair bactérias benéficas. A descoberta pode auxiliar na criação de novas técnicas de cultivo sustentáveis, sem a dependência de agrotóxicos ou fertilizantes.
  De acordo com Andrew Neal, um dos autores do estudo, evidências apontaram a forte presença da bactéria Pseudomonas putida, que, atraída pelo cheiro, leva nutrientes importantes à raiz da planta do milho e também compete com bactérias nocivas.
  Segundo os pesquisadores, as raízes de plantas jovens de milho exalam grandes quantidades de produtos químicos conhecidos como “BXS”, que auxiliam o vegetal na defesa de pragas acima do solo, no caule e nas folhas.
  Porém, esse composto também atrai as bactérias benéficas, que ajudam a desintoxicar a região da raiz. Os cientistas querem aprofundar os estudos sobre os micro-organismos e verificar como influenciam na qualidade do solo e no crescimento dos vegetais.

Lavoura de milho em Santa Rosa (RS). Cientistas britânicos descobriram que planta emite cheiros para atrair microorganismos à raiz que ajudam no desenvolvimento do milho. (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Estudo aponta avanço para tratamento de paralisia cerebral

Filhotes de coelho tratados com novo medicamento tiveram melhora na função motora

   Um novo tratamento ajudou coelhos nascidos com paralisia cerebral a recuperar uma mobilidade quase normal, fazendo surgir a esperança de um potencial avanço no tratamento de pessoas com este distúrbio atualmente incurável, afirmaram cientistas nesta quarta-feira.
 O método, parte do campo crescente da nanomedicina, funcionou liberando um medicamento antiinflamatório diretamente nas partes comprometidas do cérebro através de minúsculas moléculas em cascata conhecidas como dendrímeros.
 Filhotes de coelho tratados às seis horas de nascidos tiveram uma "melhora dramática na função motora" no quinto dia de vida, disse a autora principal do estudo, Sujatha Kannan, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e do Departamento de Pesquisa de Perinatologia e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos.
 O estudo foi publicado no jornal científico americano Science Translational Medicine.
 Os coelhos que nasceram imóveis por causa da paralisia infantil se movimentavam em "níveis quase normais no quinto dia", destacou um artigo que acompanhou o estudo e foi publicado no mesmo periódico pelo pedriatra Sidhartha Tan, de Chicago.
 A droga usada foi uma comumente empregada para tratar pessoas com intoxicação por acetaminofeno (paracetamol), conhecida como N-acetil-L-cistina ou NAC, e foi dada em uma dose 10 vezes menor.
 No entanto, foi bem sucedida porque o método de nano-entrega permitiu que cruzasse a barreira sangue-cérebro, desativando prontamente a inflamação no cérebro.
 Kannan explicou que sua equipe usou coelhos como cobaias porque, assim como os humanos, seus cérebros se desenvolvem parte antes e parte depois do nascimento, enquanto a maioria dos outros animais nascem com suas habilidades motoras já formadas.
 "Uma vantagem disso é que podemos testar tratamentos e olhar para a melhora na função motora usando este tipo de modelo animal", explicou a médica.
  Enquanto especialistas afirmam que levará anos até que se conheça totalmente esta abordagem, a pesquisa demonstra uma prova de conceito importante que algum tipo de intervenção precoce consegue reverter o dano cerebral.
  "A importância deste trabalho é que ele indica que há uma janela no tempo, imediatamente após o nascimento, quando a neuroinflamação pode ser identificada e quando o tratamento com um nanodispositivo pode reverter os efeitos da paralisia cerebral", afirmou o co-autor do estudo, Roberto Romero, obstetra do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano.
  A paralisia cerebral afeta cerca de 750.000 crianças e adultos nos Estados Unidos e sua taxa de prevalência é de cerca de 3,3 por 1.000 nascimentos, segundo Romero.
  O distúrbio pode causar dificuldades severas em controlar os músculos, incapacidade de caminhar, se movimentar ou engolir. Alguns pacientes também podem sofrer atrasos cognitivios e anormalidades no desenvolvimento.
  Uma das principais causas da paralisia cerebral é o nascimento prematuro, fenômeno em ascensão, mas a doença não costuma ser diagnosticada antes dos 2 anos.
  "No momento em que fazemos o diagnóstico, há muito pouco que podemos fazer", disse Romero, descrevendo a paralisia cerebral como "uma doença incurável por toda a vida".

Cientistas criam polímero que substitui DNA


Pesquisadores reproduziram pela primeira vez em substâncias sintéticas as mesmas funções de armazenamento e cópia de genes



Polímeros sintéticos replicaram a informação codificada no DNA



   Um estudo duvulgado nesta quinta-feira (19) mostrou que, pela primeira vez, mecanismos biologicamente importantes, como hereditariedade e evolução, puderam ser reproduzidos em laboratório usando substâncias artificiais. 
  Uma equipe de pesquisadores, incluindo um brasileiro, conseguiu criar seis polímeros sintéticos capazes de armazenar e copiar as informações genéticas presentes no ácido desoxirribonucleico, o DNA, que carrega em todas as células as informações necessárias à vida. 
  No experimento, eles também puderam mudar estas informações em um processo análogo à evolução, um passo importante para algo que recebeu o nome de genética sintética.
  “Polímeros sintéticos já existiam e também era quimicamente possível reproduzir este processo, porém, pela primeira vez conseguimos trazer informações do DNA para o polímero sintético e dele para o DNA”, disse ao iG Vitor Pinheiro do Laboratório de Biologia Molecular da Universidade de Cambridge e autor do estudo.
  O processo de armazenamento de informações genéticas depende de dois compostos naturais, já muito conhecidos pela ciência, o DNA e o RNA. Os ácidos nucleicos DNA e RNA fornecem a base molecular para toda a vida através de sua habilidade única para armazenar e propagar informações através da combinação de quatro partes menores, chamadas de bases: guanina, citosina, adenina e timina.
  O estudo publicado nesta quinta-feira (19) no periódico científico Science um sistema sintético que permitiu a replicação da informação codificada por polímeros que receberam o nome de XNA. “A informação genética pode ir do DNA para o XNA e de volta para o DNA, o que complete o ciclo replicação. Polímeros podem sintetizar o XNA do modelo de DNA e temos outro tipo de polímero que pode usar o XNA como modelo para converter a informação desta sequência genética em DNA”, disse Philipp Holliger, também autor do estudo. 
  Mas o experimento não parou por aí. O sistema sintético também evoluiu, ou seja, as cópias do material genético apresentaram mutações, a base do processo evolutivo. A equipe de pesquisadores também submeteu um dos polímeros, conhecidos como HNA, às condições laboratoriais semelhantes à seleção natural. 
   “Num aspecto mais prático, se você pode armazenar informação e replicá-la, a evolução é apenas uma consequência individual disto. E para todos os polímeros que conseguimos fazer, abrimos o espaço de sequenciamento, que antes não poderia ser explorado. Portanto, seremos capazes de encontrar novas estruturas e fenótipos. Eu acredito que esta plataforma nos possibilitarás um amplo alcance de aplicação tecnológica”, disse Holliger.
  De acordo com os pesquisadores, a ideia do experimento não é o de criar um Frankenstein, mas sim de usar a “propriedade tão surpreendente do DNA e do RNA de armazenar informação”. “É um sistema que já isola uma molécula com melhor estabilidade biológica e química. Com isso podemos desenvolver novas drogas baseadas em ácidos ribonucleicos para o tratamento de várias doenças”, disse Pinheiro ao iG.
  Os pesquisadores estão procurando substitutos para componentes do sistema genético natural. “Não há nenhum problema com o DNA e o RNA assim que os usamos para estudar biologia. Acredito que há um interesse crescente no estudo do DNA e do RNA não só para alcançar alguma informação particular sobre este funcionamento mais também para construir, por exemplo, nanotecnologias”, disse.