sexta-feira, 29 de junho de 2012

Você sabe qual a maior planta carnívora do mundo?


         Se você está imaginando uma planta monstruosa, capaz de engolir uma pessoa, como nos desenhos animados, pode tirar isso da cabeça: esse tipo de coisa, caro leitor, não existe. As maiores carnívoras de que se tem notícia são as trepadeiras da espécie Nephentes rajah, que dificilmente chegam a meio metro de altura e costumam devorar apenas moscas. Elas são típicas das úmidas florestas da ilha de Bornéu, na Ásia, e se alimentam por meio de um jarro pendurado na extremidade de suas folhas (veja como funciona esse mecanismo no infográfico ao lado). Mas nem todas as plantas carnívoras atacam do mesmo jeito. O modo de captura varia de espécie para espécie - algumas sugam, outras prendem, mordem ou afogam suas vítimas.
    Certas carnívoras são bem gulosas: as Drosophyllum lusitanicum, por exemplo, conseguem grudar em seus pêlos vários insetos de uma só vez. Já as do gênero Utricularia devoram, em uma única sugada, uma família inteira de microcrustáceos. Merece ainda uma menção honrosa a Dionaea muscipula, também conhecida como "papa-mosca": ela abocanha insetos distraídos em apenas três décimos de segundo, um recorde. Mas não pense que as plantas carnívoras dispensam um cardápio mais calórico. "De vez em quando, pererecas e pequenos pássaros viram prato secundário - não porque são atraídos pela planta, mas porque, ao irem atrás de insetos, eles caem e acabam devorados também", afirma o biólogo José Maurício Piliackas, da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo. Na hora do almoço, toda estratégia é válida: como as carnívoras vivem em solos geralmente pobres em nutrientes, elas não podem se dar ao luxo de dispensar comida.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pesquisa revela mistério de gravidez de quase 2 anos em elefantas

   Cientistas alemães afirmaram ter conseguido explicar por que a gravidez de uma elefanta chega a durar quase dois anos.
Os elefantes tem uma das gestações mais longas conhecidas do reino animal, durando até 640 dias.
Graças a avançados exames de ultrassonografia, eles identificaram detalhes do processo biológico que permite que os filhotes nasçam com um nível avançado de desenvolvimento cerebral, que os animais usam para reconhecer a estrutura social complexa do grupo onde nasceram e também para se alimentar com a ajuda da tromba.
Segundo Imke Lueders, do Instituto Liebniz de Pesquisa Zoológica e de Vida Selvagem de Berlim, a gravidez de elefantas tem esta duração 'devido a um mecanismo hormonal insólito, que ainda não foi descrito em nenhuma outra espécie animal'.
A pesquisa, publicada na revista especializada Proceedings of the Royal Society B, ajudará programas de reprodução nos zoológicos.
A ovulação em elefantas é desencadeada por dois aumentos repentinos do hormônio reprodutivo luteinizante (LH). Já a gravidez é mantida por hormônios secretados por várias estruturas do ovário, conhecidas como corpo lúteo.



Participantes
Elefantes são animais sociais, com alto nível de inteligência, semelhante à dos golfinhos.
Até o momento, os processos biológicos responsáveis pela longa gestação dos elefantes nunca tinham sido completamente compreendidos.
Mas, os exames mais avançados de ultrassonografia deram aos veterinários e pesquisadores as ferramentas necessárias para monitorar as gestações mais detalhadamente.
O estudo examinou 17 elefantes africanos e asiáticos em zoológicos do Canadá, Estados Unidos, Austrália, Alemanha e Grã-Bretanha, incluindo dois zoológicos da Zoological Society de Londres (ZSL).
'É muito importante estudar a reprodução dos elefantes', disse Imke Lueders à BBC.
'O conhecimentos que ganhamos através desta pesquisa pode ajudar, no futuro, o gerenciamento da reprodução de elefantes, pois agora temos uma ideia de como a gestação é mantida', acrescentou.
Os pesquisadores pretendem usar estas descobertas não apenas na reprodução em cativeiro, mas também na reprodução de elefantes em seus habitats naturais.
Também poderá ajudar no controle de natalidade de populações de elefantes na África.
Algumas espécies de elefantes estão ameaçadas, mas outras cresceram, o que levou a alguns setores especializados a defenderem planos de controle de natalidade para a espécie ou até o sacrifício dos animais.
'Não apenas a longa gestação dos elefantes (22 meses) é diferente, mas o longo intervalo entre nascimentos (de quatro a cinco anos entre os filhotes), junto com um longo intervalo entre as gerações (média aproximada de 20 anos ou mais) complicam os esforços para gerenciar populações em queda de elefantes ameaçados', afirmou Dennis Schmitt, diretor de pesquisa e conservação do Centro para Conservação de Elefantes, comentando a pesquisa alemã.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Gripe aviária pode se tornar pandemia

Estudo censurado pelo conselho de biossegurança dos EUA revela que apenas cinco mutações do vírus levariam à contaminação, pelo ar, de mamíferos

  Quando um periódico científico do porte da Science, uma das mais prestigiosas do mundo, faz uma teleconferência com seis cientistas espalhados pelo mundo pode-se presumir que o trabalho a ser apresentado é de impacto. Agora ao ouvir o editor-chefe da revista, Bruce Alberts, um bioquímico de respeito mundial, abrir a conferência dizendo que a revista irá publicar dois artigos científicos de forma aberta - (qualquer pessoa pode acessar os textos livremente via internet, o que é extremamente incomum no caso dela) - é bom prestar atenção.
   Quando um periódico científico do porte da Science, uma das mais prestigiosas do mundo, faz uma teleconferência com seis cientistas espalhados pelo mundo pode-se presumir que o trabalho a ser apresentado é de impacto. Agora ao ouvir o editor-chefe da revista, Bruce Alberts, um bioquímico de respeito mundial, abrir a conferência dizendo que a revista irá publicar dois artigos científicos de forma aberta - (qualquer pessoa pode acessar os textos livremente via internet, o que é extremamente incomum no caso dela) - é bom prestar atenção.

O que dizem os artigos

   O primeiro artigo científico, liderado por Ron Foulchier, do Centro Médico Erasmus, na Holanda, buscou entender como o H5N1 pode se tornar transmissível pelo ar em mamíferos. “Nossa principal conclusão é que o vírus da gripe aviária H5N1 pode adquirir a habilidade de ser transmitido via aerossol entre mamíferos; mostramos que um mínimo de 5 mutações e certamente menos de 10 delas são suficientes para torna-lo transmissível por via aérea”, explicou Foulchier durante a teleconferência.
   Para chegar a esta conclusão a equipe liderada por ele primeiro identificou as mutações que levaram à emergência das pandemias de 1918, 1957 e 1968. Em seguida, modificou geneticamente uma cepa de H5N1 para que ele contivesse essas três mutações para verificar se isto tornava o virus transmissível pelo ar via pequenas gotas (aerosol) em doninhas – um pequeno mamífero largamente utilizado como modelo para transmissão de gripe.
   O resultado foi negativo e os cientistas testaram então quantas vezes era necessário infectar e reinfectar uma doninha com o vírus modificado para que ele evoluísse e se tornasse transmissivel pelo ar. “Quando pegamos o virus após 10 passagens (dele) pelo nariz da doninha verificamos que tinha desenvolvido a habilidade de se transmitir via aerossol entre elas”, afirmou Foulcheir. E completou: “Ele não matou as doninhas que foram infectadas via aerossol.” Com este dado em mãos a equipe analisou quais mutações – além das três introduzidas por eles – haviam ocorrido no H5N1 para torna-lo transmissível via ar. O resultado foram que outras duas mutações realizavam o serviço.
   A descoberta não significa, porém, que as mesmas dez passagens são necessárias em humanos. “É difícil fazer uma relação direta entre as dez passagens em doninhas e o número de passagens em humanos... Uma cadeia limitada de transmissão em doninhas é suficiente para fazer o vírus se adaptar. Assumimos que este número também seria relativamente pequeno em humanos”, pontuou Foulchier. E continuou: “Devemos assumir que o que vimos nas doninhas é mais ou menos similar em humanos, mas não é uma correspondência direta. Há uma correspondência, mas há exceções à regra e sempre precisamos ser cuidadosos ao interpretar trabalhos com doninhas no contexto dos humanos.“
   No segundo artigo, os cientistas tentaram descobrir as possibilidades de que um H5N1 desenvolvesse as cinco mutações necessárias à transmissão via aerossol entre mamíferos. A primeira constatação foi que diversas cepas do H5N1 já possuem duas das mutações. Ou seja: seriam necessárias apenas mais três delas – obviamente três específicas - para torná-lo transmissível por ar entre mamíferos. “Estudamos matematicamente e computacionalmente a evolução do vírus em um hospedeiro e em uma cadeia de transmissão entre hospedeiros. Descobrimos que é possível para um vírus fazer três mutações dentro de um hospedeiro. Fazer quatro ou cinco é mais difícil. E realizar as cinco parece realmente difícil. Não sabemos, porem, ainda o quão difícil é”, afirmou Derek Smith, principal autor do texto, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, na teleconferência.

Preparação para a pandemia
    A constatação de que essas mutações podem, em teoria, ocorrer naturalmente no H5N1, e torna-lo transmissível entre mamíferos – possivelmente entre humanos também – levanta ainda uma outra questão importante relacionada à primeira frase de Alberts sobre disponibilizar os estudos para toda e qualquer pessoa com acesso à internet: uma pessoa tecnicamente habilitada e má intencionada não poderia pegar os dados e tentar fazer as mutações em laboratório? “Ao fazer pesquisa, você continuamente analisa o risco-benefício dela. Eu acredito que os benefícios são maiores do que o risco. Isto significa que não há risco? Claro que não. Não posso dizer de jeito nenhum isso, mas, para mim, os benefícios são maiores", afirmou Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos Estados Unidos, que também participou da teleconferência e fez um artigo na revista analisando as lições aprendidas com as pandemias passadas.
   O pensamento de Fauci vai na mesma direção do que acredita Alberts. “Esperamos que a publicação ajude a tornar o mundo mais seguro, em especial ao estimular mais cientistas e formuladores de políticas públicas em focar para preparar as defesas. Isto irá requerer grandes inovações e tornar estes dados disponíveis aumenta grandemente as chances de que estas inovações ocorram”, afirmou ele.
   Se uma pandemia vier, o mundo teria atualmente como se defender, segundo Rino Rappuoli, chefe global de pesquisas em vacinas da Novartis Vacinas e Diagnósticos. “Podemos em teoria estar prontos rapidamente para fazer uma vacina. Isto é possivel hoje do ponto de vista tecnológico. A questão seria apenas mudar o processo regulatório para garantir que ele pudesse ser utilizado para fabricar as vacinas que possam ser então distribuídas”, afirmou ele que também esteve presente à conferência e foi autor de um artigo na mesma edição sobre estratégias de curto e longo prazo para preparação para uma pandemia.
   Segundo a Organização Mundial da Saúde, a mortalidade de seres humanos por gripe aviária está em 60%.

FONTE: http://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/2012-06-21/gripe-aviaria-pode-se-tornar-pandemia-mundial.html

sábado, 16 de junho de 2012

Leite materno combate transmissão oral por HIV em estudo com ratos


Cientistas americanos mostram que amamentação pode anular o vírus.
Aleitamento de soropositivas é proibido no Brasil, destaca pediatra.

    Um estudo feito com ratos por cientistas da Escola de Medicina da Carolina do Norte, nos EUA, mostra que o leite materno tem um forte efeito contra o vírus da Aids, capaz de matar o HIV e proteger a criança da transmissão oral. Os resultados foram publicados esta semana na versão online da revista “PLoS Pathogens”. 
   Até então, as pesquisas sobre o tema mostravam que a amamentação pode ser um veículo de contágio do vírus, motivo pelo qual as mães soropositivas são orientadas a não dar de mamar para seus bebês.
   “A amamentação nesse caso é proibida em todo o mundo, com exceção dos países da África, pois lá, se as crianças não mamarem, acabam morrendo de fome. Então é preferível correr o risco da transmissão para salvar uma vida”, explica a pediatra Ana Escobar. Além de casos de HIV, mulheres com tuberculose ativa também não devem amamentar.
   Mais de 15% das novas infecções por HIV ocorrem em crianças. Sem tratamento, apenas 65% dos menores infectados vivem até o primeiro aniversário e menos da metade completa dois anos de idade.
   Segundo o especialista em Aids e um dos autores da pesquisa americana, J. Victor Garcia-Martinez, esse trabalho dá indícios significativos da capacidade do leite materno para destruir o HIV e prevenir o contágio oral. Além disso, fornece novas pistas para o isolamento de produtos naturais que poderiam ser usados para combater o HIV.

Ratos humanizados participaram de estudo sobre contágio do vírus da Aids pela amamentação (Foto:
Universidade da Carolina do Norte/Divulgação)

   Garcia-Martinez e seus colegas são pioneiros na utilização de roedores humanizados, que recebem medula óssea, fígado e tecidos vasculares humanos e desenvolvem um sistema imunológico semelhante ao do homem, razão pela qual podem ser infectados com o HIV e responder da mesma maneira que nós.
  Os ratos analisados tinham a cavidade oral e o trato digestivo com as mesmas células responsáveis pela transmissão oral do vírus da Aids em seres humanos. Quando os animais receberam o vírus no leite materno de mulheres HIV-negativas, o vírus não pôde ser transmitido.
  A pesquisadora Angela Wahl, principal autora do estudo, destaca que os resultados são altamente significativos, pois mostram que o leite materno é capaz de bloquear completamente a transmissão oral do HIV por duas formas: através de partículas do vírus e de células contaminadas por ele.
  “Isso refuta a hipótese de ‘cavalo de Troia’, que diz que o HIV em células é mais teimoso contra as defesas do corpo do que o HIV em partículas virais”, explica Angela.

"É importante destacar que a amamentação por mães soropositivas continua não sendo recomendada no mundo"

Ana Escobar,
pediatra

Profilaxia pré-exposição
  Os cientistas também avaliaram a eficácia da chamada profilaxia pré-exposição, com medicação antirretroviral para prevenir a transmissão oral do HIV. Em um trabalho anterior, a equipe demonstrou em camundongos humanizados que essa terapia é eficaz contra a transmissão do vírus da Aids por via intravenosa, vaginal e retal. Os animais tomaram as drogas por sete dias – três antes e quatro depois da exposição – e ficaram 100% protegidos.
  Essas mais recentes descobertas, segundo os pesquisadores, fornecem importantes pistas para tratamentos alternativos que poderiam ser usados para prevenir o contágio do HIV.
  "Nenhuma criança deve sempre ser infectada com o vírus por ser amamentada. O aleitamento materno proporciona nutrição e proteção contra outras infecções, especialmente onde a água limpa é escassa", ressalta Garcia-Martinez. De acordo com ele, esse trabalho também é importante para compreender melhor como ocorre a transmissão vertical do HIV, ou seja, da mãe para o filho durante a gestação, o parto ou, nesse caso, a amamentação.
  Na opinião da pediatra Ana Escobar, esse estudo não significa que os humanos vão apresentar a mesma resposta imune e são necessários mais pesquisas sobre o assunto.
 “É importante destacar que a amamentação por mães soropositivas continua não sendo recomendada no mundo”, diz.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mapa genético do macaco bonobo é 98,7% igual ao humano, diz pesquisa

   Os cientistas terminaram de mapear o DNA do macaco bonobo, segundo pesquisa publicada na revista "Nature" nesta quarta-feira (13). Alguns pesquisadores dizem que isso pode, no futuro, revelar segredos sobre como o lado mais sombrio de nossa natureza evoluiu.

  Trata-se do sequenciamento do último grande símio que restava analisar, já que o chimpanzé foi sequenciado em 2005, o orangotango, em 2011 e o gorila em 2012.
   Os cientistas descobriram que estamos tão próximos geneticamente do bonobo, que é pacífico mas pouco conhecido, como do chimpanzé, mais violento e mais bem compreendido. É como se eles fossem irmãos, e nós, primos, relacionados aos dois igualmente, partilhando alguns traços apenas com os bonobos e outras características apenas com os chimpanzés.
   Bonobos e humanos compartilham 98,7% do mesmo mapa genético, o mesmo percentual compartilhado pelos humanos com os chimpanzés, de acordo com o estudo. Os dois macacos têm uma relação muito mais estreita entre si - compartilham 99,6% de seus genomas - disse o principal autor do artigo, Kay Prufer, geneticista do Instituto Max Planck, na Alemanha. "Os seres humanos são um pouco como um mosaico dos genomas de bonobos e chimpanzés."


Mãe e filho bonobo no Congo são mostrados em foto sem data cedida pela associação Amigos dos Bonobos (Foto: AP)

Diferenças
   Os bonobos e os chimpanzés têm comportamentos distintos que podem ser vistos em humanos, com bonobos mostrando o que poderia ser pensado como nossos "anjinhos", explica o pesquisador Brian Hare, da Universidade Duke.
   Bonobos fazem amor, não guerra. Já os chimpanzés matam e fazem guerra. Bonobos compartilham comida com estranhos, mas os chimpanzés, não. Bonobos ficam perto de suas mães - que, inclusive, escolhem os companheiros de seus filhos - muito depois da infância, assim como seres humanos. Mas os chimpanzés tendem a usar ferramentas melhor e a ter cérebros maiores, como os seres humanos, sugere a pesquisa.
   "O genoma do bonobo é o segredo para a biologia da paz?" perguntou Hare, que não estava envolvido na nova pesquisa. "Eles fizeram algo em sua evolução que nem os humanos podem fazer: eles não têm o lado negro que temos.”
   "Se nós tivéssemos estudado apenas os chimpanzés, teríamos uma visão distorcida da evolução humana", disse ele.

O bonobo Mikeno, no Congo, é mostrado em foto sem data cedida pela associação Amigos dos Bonobos (Foto: AP)

Ancestrais
   Bonobos, chimpanzés e seres humanos compartilharam um único ancestral comum de cerca de 6 milhões de anos atrás, disse Prufer. Os chimpanzés e os bonobos partilham o mesmo ancestral comum até um milhão de anos atrás, quando o rio Congo se formou. Em seguida, os bonobos se desenvolveram de um lado do rio, e os chimpanzés de outro. Tornaram-se espécies diferentes, embora os cientistas não soubessem disso até cerca de 90 anos atrás.
   "As cabeças dos bonobos são ligeiramente menores, e os seus dentes estão dispostos de forma diferente. No comportamento, os bonobos são muito mais tolerantes, mais sociais. Eles são excessivamente sexuais: em vez de liberar a tensão pela luta, eles se aninham repetidamente", disse Hare. "Bonobos são governados por mulheres alfa, e os chimpanzés, por machos", reitera.
   De algumas maneiras - especialmente quando se olha para a fisiologia do cérebro - é como se um bonobo fosse um chimpanzé juvenil que não se desenvolveu, segundo Hare. "Os chimpanzés ficam mais violentos à medida que envelhecem; os bonobos não", afirma.
   Embora o nome científico para os bonobos seja Pan paniscus, “deveria ser Peter Pan", segundo Hare. "Eles nunca crescem e nós temos muitos dados para apoiar essa ideia. Grande parte da sua psicologia parece estar congelada", disse.
   Alguns pesquisadores dizem que Hare romantizou demais o bonobo. O pesquisador Bill Hopkins, da Universidade Emory, diz que ele tem mais cicatrizes de bonobo em seu corpo do que cicatrizes de chimpanzés. "Claro, bonobos vão morder, mas não vão matar", disse Hare.
   Bonobos são uma espécie ameaçada e vivem apenas na região da República Democrática do Congo, devastada pela guerra. "Ironicamente", disse Hare, "os bonobos são do lugar onde as pessoas estão no seu pior".

Cientistas anunciam ter completado identificação do microbioma humano

Cientistas anunciam ter completado identificação do microbioma humano


   Um grupo de cientistas anunciou nesta quarta-feira (13) a identificação do microbioma humano, ou seja, dos trilhões de bactérias e vírus que povoam as diferentes partes do corpo, e de seus genomas, e elaboraram o mapa com sua localização.
   O Projeto do Microbioma Humano, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (em inglês NIH), anunciou os resultados da pesquisa em uma teleconferência simultânea à publicação de artigos nas revistas "Nature" e "PLoS", da Academia Americana de Ciências.
   Do projeto, participaram quase 80 instituições de pesquisa que trabalharam durante cinco anos com um subsídio de US$ 153 milhões (R$ 316 milhões) do Fundo Comum do NIH.
   O corpo humano adulto e saudável abriga dez vezes mais micróbios do que células humanas, e esse contingente inclui arqueobactérias, vírus, bactérias e micróbios eucarióticos, cujo genoma, combinado, é muito maior que o genoma humano.
   Ao todo, uma pessoa saudável tem cerca de 10 mil espécies diferentes de microorganismos espalhadas pelo seu corpo.

À esquerda, imagem de bactérias 'Staphylococcus epidermidis', em verde, feitas com microscópio eletrônico; à direita, a bactéria 'Enterococcus faecalis', que vive no aparelho digstino humano; os dois organismos são alguns dos estudados pelo projeto (Foto: AP)

   Como os exploradores do século 15 que descreviam os contornos de um continente recém-descoberto, os pesquisadores deste projeto empregaram uma nova estratégia tecnológica para definir integralmente, pela primeira vez, o panorama microbial normal do organismo humano', disse o diretor do NIH, Francis Collins.
   Para definir o microbioma humano normal, o grupo estudou 242 voluntários saudáveis (129 homens e 113 mulheres), dos quais obtiveram tecidos de 15 lugares do corpo masculino e de 18 do corpo feminino. Foram tomadas até três mostras de cada voluntário em lugares tais como vagina, boca, nariz, pele e intestino.
   Os artigos publicados proporcionam um panorama integral da diversidade dos micróbios em 18 lugares diferentes do corpo humano. Isso inclui genomas de referência de milhares de micróbios cultivados relacionados com o anfitrião, através de 3,5 terabases de sequências metagenômicas, conjuntos e reconstruções metabólicas, e um catálogos de mais de 5 milhões de genes de micróbios.
   Os estudos incluem a descrição de mudanças na composição de várias comunidades microbiais em relação às condições específicas, por exemplo, o microbioma dos intestinos e a doença de Crohn, a colite ulcerosa e o adenocarcinona de esôfago.
   Outro estudo se refere ao microbioma da pele e sua relação com a psoríase, a dermatite atópica e a imunodeficiência. Há também um artigo que se refere ao microbioma urogenital e sua vinculação com a história reprodutiva e sexual.
   De acordo com a gerente do programa, Lita Proctor, os humanos não têm todas as enzimas necessárias para digerir a própria dieta. "Os micróbios em nosso corpo decompõem grande parte das proteínas, lipídios e carboidratos da dieta e os transformam em nutrientes que podemos absorver."
   Além disso, Lita destacou que os micróbios produzem compostos beneficentes como as vitaminas e os antiinflamatórios que nosso próprio genoma não pode produzir.

domingo, 3 de junho de 2012

Cientistas israelenses desenvolvem maconha medicinal sem 'barato'

Pesquisadores conseguiram neutralizar a substância THC.

   Planta foi desenvolvida pela Universidade Hebraica de Jerusalém.
Cientistas da Universidade Hebraica de Jerusalém desenvolveram um tipo de maconha medicinal, neutralizando a substância THC, que gera os efeitos cognitivos e psicológicos conhecidos como 'barato'.


    De acordo com a professora Ruth Gallily, especialista em imunologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, a segunda substância mais importante da cannabis - o canabidiol (CBD) - tem propriedades 'altamente benéficas e significativas' para doentes que sofrem de diabetes, artrite reumatóide e doença de Crohn.
     Gallily, que estuda os efeitos medicinais da cannabis há 15 anos, disse à BBC Brasil que o CBD que se encontra na planta 'não gera qualquer fenômeno psicológico ou psiquiátrico e reprime reações inflamatórias, sendo muito útil para o tratamento de doenças autoimunes'.
    'Obtivemos resultados fantásticos nas experiências que fizemos in vitro e com ratos, no laboratório da Universidade Hebraica', afirmou a cientista, que é professora da Faculdade de Medicina.


   De acordo com ela, após o tratamento com o CBD, o índice de mortalidade em consequência de diabetes nos animais foi reduzido em 60%, tanto em casos de diabetes tipo 1 como tipo 2.
   'Para pacientes idosos que sofrem de artrite reumatoide, o uso da cannabis pode ter efeitos maravilhosos e melhorar muito a qualidade de vida', disse Gallily.
   'Constatamos em nossas experiências que o CBD leva à diminuição significativa e muito rápida do inchaço em consequência da artrite.'
   A pesquisadora afirma que remédios à base de CBD seriam muito mais baratos que os medicamentos convencionais no tratamento dessas doenças.
   A empresa Tikkun Olam obteve a licença do Ministério da Saúde israelense para desenvolver a maconha medicinal e cultiva diversas variedades da planta em estufas na Galileia, no norte deIsrael.

Pacientes

  De acordo com Zachi Klein, diretor de pesquisa da Tikkun Olam, mais de 8.000 doentes em Israel já são tratados com cannabis, a qual recebem com receitas médicas autorizadas pelo Ministério da Saúde.
  De acordo com Klein, a empresa pretende desenvolver um tipo de maconha com proporções diferentes de THC e canabidiol, para poder ajudar a diversos tipos de pacientes.
  'Há pacientes para os quais o THC é muito benéfico, pois ajuda a melhorar o estado de espírito e abrir o apetite', afirmou.
  Ele diz ainda que, em casos de doentes de câncer, a cannabis em seu estado natural, com o THC, pode melhorar a qualidade de vida, já que a substância provoca a fome conhecida como 'larica', incentivando os pacientes a se alimentarem.
  O psiquiatra Yehuda Baruch acredita que 'o CBD tem significados medicinais fortes que devem ser examinados'. Baruch, que é o responsável pela utilização da maconha medicinal no Ministério da Saúde, disse à BBC Brasil que 'sem o THC, a cannabis será bem menos atraente para os traficantes de drogas'.
  O psiquiatra afirmou que nos próximos meses o Ministério da Saúde dará inicio a um estudo sobre os efeitos do THC e do CBD em pacientes que sofrem dores crônicas.
  O experimento será feito com 50 pacientes, que serão divididos em dois grupos. Um grupo receberá cannabis com alto nível de THC e baixo nível de CBD e o segundo receberá mais canabidiol do que THC.
  Depois de um mês os grupos serão trocados e, durante a experiência, os pacientes preencherão questionários avaliando as alterações na intensidade da dor.

Ratos voltam a andar após lesão na medula espinhal

Conexões rompidas foram refeitas com injeções, estimulação elétrica e prótese robótica. Ainda não se sabe se técnica funcionará em humanos

   Um grupo de ratos em um laboratório em Lausanne, Suíça, reaprendeu a andar após ter a medula espinhal lesionada de forma semelhante à que acontece com humanos que ficam paraplégicos.
   A técnica de reabilitação combina injeções, estimulação elétrica e uma veste controlada por um equipamento robótico. “Acreditávamos que os ratos recuperassem uma parte dos movimentos em resposta ao nosso sistema de neuroreabilitação robótico. Ficamos, porém, surpresos, com a extensão da recuperação. Os ratos paralisados foram capazes de ultrapassar obstáculos e subir escadas”, afirmou ao iG Janine Heutschi, uma das autoras da pesquisa, da Escola Politécnica Federal de Lausanne.
  Para chegar a este resultado os pesquisadores primeiro injetaram químicos para estimular os neurônios da região em que a medula estava cortada e, em seguida, estimularam eletricamente a região. Esta dupla ação reativou os neurônios do local e refez as conexões entre as duas partes da medula. O passo seguinte foi fazer os ratos caminharem novamente com uma veste suspensa por um braço robótico no qual apenas as patas de trás ficavam no chão. “Fizemos os ratos andarem apenas com as patas de trás para evitar a situação em que as da frente (que não foram afetadas pela lesão) conduzissem os membros paralisados. Ao colocar os ratos em pé sabemos que o movimento deles é gerado apenas devido ao envio de sinais do cérebro à parte lesionada. Portanto, de forma geral, os ratos precisam de estímulos e do controle de equilíbrio dado pela interface robótica para conseguir andar de novo”, explicou Janine 
  O grupo da Politécnica de Lausanne dividiu as cobaias em dois grupos: alguns ratinhos eram obrigados a andar e subir degraus voluntariamente, incentivados por uma guloseima, enquanto o outro andou em uma esteira, sem incentivo. Enquanto os que buscavam o petisco efetivamente subiram os degraus e ultrapassaram obstáculos, o grupo treinado pela esteira não conseguia andar voluntariamente no chão estático. Aparentemente, segundo os resultados, é necessário envolver o centro de decisões do cérebro, com um treinamento ativo, para remodelar os circuitos neurais envolvidos no movimento.
Veja no vídeo abaixo como os ratos voltaram a andar: